13/03/2007 « Voltar - Mais Noticias »»
Barueriense ganha Prêmio Jovem Cientista
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Cascas de banana para separar ao tratamento os dejetos nucleares da água contaminada. Foi com este experimento que a moradora de Barueri Milena Rodrigues Boniolo, de 25 anos, ganhou o primeiro lugar da 22ª edição do Prêmio Jovem Cientista, da Fundação Roberto Marinho.

 

Moradora do Jardim Boa Vista, Milena estudou na Emef Raposo Tavares e na escola estadual Ivani Maria Paes. É formada em Química, e hoje dá aulas em uma universidade em Barueri. Sua pesquisa, intitulada “uso da casca de banana para o tratamento de efluentes radiotóxicos”, foi o primeiro lugar na categoria graduado.

 

Apesar do estilo do prêmio e da formação acadêmica de Milena, ela passa longe do estereótipo de “cientista maluca”. Além de ser jovem, é uma pessoa que de cara atrai pela simpatia, bom humor e modéstia. Diz que o “eureca” de sua descoberta teve início com a influência da profissão do pai, ligada à reciclagem de materiais. “Não teve nada de banana caindo na cabeça”, brinca, referindo-se ao caso histórico de Isaac Newton quando da descoberta da lei da gravidade – a maçã que teria caído sobre a cabeça do cientista.

 

“Minha vontade era pesquisar soluções para problemas relacionados ao meio ambiente. Com muita dedicação e força de vontade, qualidades que sempre tive, consegui obter os resultados  de minha pesquisa”, disse ela esta semana, durante entrevista ao programa de rádio Isto é Barueri. “Muitos jovens no Brasil têm talento e vontade, e tudo depende da educação, mas da aplicação dos professores também. O professor hoje parece estar mais preocupado em terminar o conteúdo de uma apostila, por exemplo, a envolver de fato o aluno. Eu tive excelentes professores, que conquistaram os alunos, e é isso que faço com os meus alunos hoje”, define.

 

A PESQUISA -  Em sua experiência, Milena pegou algumas amostras de casca de banana e as colocou em uma assadeira tradicional, daquelas usadas na cozinha. Colocou a forma em cima do telhado da casa dela, debaixo de sol forte, durante uma semana. Depois ela levou o material para o laboratório do IPEN, onde bateu as cascas em um liquidificador. Depois de peneirar, restou um pó, que foi colocado na água com grandes quantidades de metais pesados, como urânio.

 

Agitando a solução por 40 minutos, o que aconteceu:  como a banana tem carga negativa e o metal carga positiva, os dois se combinaram e se ligaram. Daí o pó contaminado, ou seja, com o metal retido nele, depositou-se no fundo e a água foi retirada com uma seringa para análise. Em média, o pó consegue retirar 65% do urânio, e essa mesma operação pode ser repetida várias vezes, até que sejam atingidos índices mais altos de remoção.

Milena ainda procura patrocínio para que, em seu curso de doutorado, consiga repetir a experiência agora em larga escala. Ela vê a pesquisa como uma solução que ataca três problemas: o desperdício da banana no Brasil, maior produtor mundial da fruta; separação e tratamento adequado do rejeito nuclear resultante de fertilizantes químicos; e a separação dos rejeitos radioativos da água, no caso de contaminações provocadas ou não. “É uma realidade nossa, até mesmo em relação à produção de energia nuclear, como é o caso da usina Angra 3, no Rio. Uma solução barata e possível, basta investimento”, defende a cientista.

 
Secretaria de Comunicação Social


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